Em 2013 o então senador Delcídio do Amaral, líder do governo Dilma Rousseff na câmara alta, levou a família para férias em Saint-Bartlhélemy, a glamourosa possessão francesa no Caribe, local de repouso e diversão dos ricos e famosos do mundo. Segundo a revista Época, o senador abrigou todos num hotel com diária de três mil euros, equivalente a 12 mil reais.
A revista não diz quanto tempo durou a temporada. Admitindo-se apenas cinco dias (provavelmente foram mais), só de hotel seriam 15 mil euros, ou 60 mil reais. Se ele gastou apenas 50% disso com alimentação e diversão, seriam uns oito mil euros de acréscimo. No total, 23 mil, equivalente a mais de 90 mil reais, ou quase três vezes o salário de senador.
Qual a base de suporte financeiro para Delcídio do Amaral promover uma excursão desse valor? Não tem origem nos seus vencimentos e na sua renda oficial. Nem em bens de raiz, que se resumem a uma fazenda em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, que pertence à sua família.
Mas ele ostenta. Seu domicílio em Brasília continua a ser uma suíte no hotel Blue Tree, de quatro estrelas. O senador não economiza quando quer usufruir do bom e do melhor - e ostenta.
Nos três meses em que permaneceu preso no quartel de um batalhão da Polícia Militar, em Brasília, o senador perdeu 12 quilos. O método não é recomendável para quem quer tornar mais esbelta a silhueta, mas sua eficiência está comprovada. A cadeia não foi feita para a elite, mas ela tem que começar a se adaptar para essa circunstância, se, confirmando Proudhon, formou sua riqueza à base do roubo - principalmente pelo selvagem ataque aos cofres públicos que se está constatando.
A bolha até recentemente impenetrável na qual vivem os mandarins brasileiros (que podem ser muito bem comparados aos barões ladrões da Rússia privatizada) precisa ser desfeita. Certa vez, um senador amigo me levou para almoçar no restaurante da "casa", onde nunca antes (nem depois) eu pusera meus pés. Fiquem embasbacado. Equiparava-se aos melhores restaurantes do país e do mundo, a preço subsidiado.
Não surpreende que a sociedade política se tenha distanciado tanto da sociedade civil e do mundo real que só um forte abalo talvez seja capaz de restabelecer a lógica, a paridade e a decência nessa relação, hoje negativa.
Fonte: https://lucioflaviopinto.wordpress.com/2016/03/03/novo-domicilio-da-elite/
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