1) No maior hospital público do Pará, o Ophir Loyola, referência no tratamento de câncer, os pacientes e seus parentes (dezenas de pessoas) que chegavam no início da noite ao hospital para entrar na fila das senhas para agendamento e atendimento no dia seguinte, eram mantidos na calçada, do lado de fora do hospital, ao relento, deitados em papelão, sob chuva e na companhia dos ratos que transitam ali, enquanto em frente a eles, atrás de uma parede de vidro, todos viam uma ampla sala de recepção, um espaço confortável do lado de dentro, vazia, apagada e trancada, onde todos poderiam passar a noite durante a espera. Gravamos um programa eleitoral inteiro na calçada, tarde da noite, colhendo depoimento dos pacientes do hospital, pessoas em busca de atendimento e seus familiares. A repercussão foi enorme nos jornais e programas locais de rádio e televisão. No início deste ano a direção do hospital foi mudada e as pessoas da calçada passaram a ser acolhidas na sala de recepção, que antes ficava fechada e apagada durante a noite.
2) Uma reforma administrativa profunda constava como ponto fundamental do nosso "plano de governo". Durante a campanha falamos muito da necessidade de diminuir o tamanho da máquina estatal, enorme, ineficiente, cheia de vícios, especialmente o aparelhamento político das instituições públicas. No fim do ano passado, antes mesmo de assumir o novo mandato, o governador reeleito, que nunca falara no assunto, principalmente no período eleitoral, promoveu uma reforma administrativa, extinguindo órgãos, cargos comissionados, etc. Foi uma reforma realizada de maneira açodada, muito tímida, e contestável sob vários aspectos, mas foi um passo na direção do acerto.
3) Também constava como ponto crucial no nosso "plano de governo" a descentralização administrativa do estado, com a criação de centros regionais de governo. Como único dentre os seis candidatos residente no interior, falamos muito sobre a absoluta necessidade de descentralização política, com a criação de centros regionais autônomos de governo. Antes do fim do exercício de 2014 o governador reeleito criou, pelo menos no papel (a conferir!), os dois primeiros centros de governo, em Santarém e Marabá.
Observem que os ítens 2 e 3 não constavam no "plano de governo" original e na propaganda eleitoral do governador, que buscava a reeleição, durante o primeiro turno. O ítem 3 foi inserido na campanha eleitoral dele no fim do segundo turno.
Resumo da ópera, só por esses três exemplos já valeu a pena ter sido um candidato sem chances, mas de convicções.
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